O IMPACTO DA TECNOLOGIA NO DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO E DA LINGUAGEM NA CRIANÇA
Os processos cognitivos do pensamento e da linguagem têm origens diferentes. No primeiro ano de vida, o pensamento não é verbal e a linguagem não é intelectual. Entretanto, a partir do segundo ano, as curvas de desenvolvimento do pensamento e da linguagem, até então separadas, encontram-se para, a partir daí, dar início a uma nova forma de comportamento. É a partir deste ponto que o pensamento começa a se tornar verbal e a linguagem racional. Inicialmente a criança aparenta usar linguagem apenas para interação superficial em seu convívio, mas, a partir de certo ponto, esta linguagem penetra no subconsciente para se constituir na estrutura do pensamento da criança.
A partir do momento que a criança descobre que tudo tem um nome, cada novo objeto que surge representa um problema que a criança resolve atribuindo-lhe um nome. Quando lhe falta a palavra para nomear este novo objeto, a criança recorre ao adulto. Esses significados básicos de palavras assim adquiridos funcionarão como embriões para a formação de novos e mais complexos conceitos. (Vygotsky1962, apud, Garcia, 1989).
Mas qual o impacto que a tecnologia pode causar no desenvolvimento do pensamento e da linguagem na criança?
De acordo com Vygotsky, todas as atividades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam se constituindo no produto do desenvolvimento histórico-social de sua comunidade (Luria, 1976, apud, Garcia, 1989). Portanto, as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do indivíduo não são determinadas por fatores congênitos. São isto sim, resultado das atividades praticadas de acordo com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve. Conseqüentemente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história pessoal desta criança são fatores cruciais que vão determinar sua forma de pensar.
A sociedade contemporânea é caracterizada pela presença massiva das tecnologias em quase todas as ações diárias, transformando cada vez mais a vida social e, direta ou indiretamente, o dia-a-dia infantil. Bolas e bonecas hoje disputam lado a lado com os jogos eletrônicos e demais mídias digitais o interesse das crianças. Desde pequenas as crianças demonstram facilidade em conviver com as tecnologias. Nos dias atuais as tecnologias são vistas como transformadoras das ações e comportamentos das crianças. Este ritmo impresso pelo desenvolvimento tecnológico possibilita às mesmas, facilidade para realizar diversas atividades ao mesmo tempo. Permitindo pensar, agir e interpretar o ambiente no qual está inserida, de uma forma mais dinâmica. (ROSADO, 2006, apud, Bona,2010).
O debate teórico do impacto da tecnologia no pensamento e sobre a infância tem sido marcado por posições distintas, onde os autores apresentam pontos de vista que podem ter uma conotação positiva ou negativa.
Segundo Buckinghan (2007) para compreender a influência das tecnologias digitais sobre a vida das crianças deve-se contemplá-las num contexto mais abrangente, que considere as mudanças do status social e as diferentes formas em que a infância vem se definindo ao longo do seu percurso histórico. O autor entende que as tecnologias digitais oferecerem formas ‘interativas’ de comunicação na relação das crianças com novas formas de cultura. Ademais, as tecnologias utilizadas como meio de comunicação potencializam a vinculação de imagens e mensagens, influenciando nas formas de agir e pensar, contribuindo para o surgimento de novas linguagens e representações.
(Bona,2010).
Todavia, existem várias pesquisas, realizadas nos últimos 15 anos, que vêm demonstrando o lado negativo dessas tecnologias no desenvolvimento emocional, cognitivo e físico das crianças. Estudos recentes mostram que crianças que utilizam meio eletrônicos demasiadamente (em especial a televisão), apresentam problemas sociais e cognitivos tais como: ausência de interação social, falar cada vez menos, o abafamento no pensar. E isto acontece devido à criança está fisicamente estática ao assistir a TV, e não há a necessidade de se fazer um esforço mental para prestar atenção. Assim, o pensamento de um telespectador deixa normalmente de ser consciente, passando a ser automático absorvendo as imagens e as falas sem quase refletir sobre elas. Prejudicando com isso a capacidade de raciocínio crítico e lógico que a criança deve desenvolver, e, conseqüentemente, trazendo prejuízos no rendimento escolar e na cognição. (Setzer,2009)
“O problema é que a criança é uma esponja que registra e absorve indiscriminadamente (visto ainda não ter a capacidade de discriminação) tudo aquilo que vê” (Sartori,2000, apud, Santos 2011). Esse pensamento de Sartori demonstra uma preocupação: Quais conteúdos estão oferecendo às crianças através da tecnologia (em especial a televisão e a internet). Nem sempre aquilo que é oferecido por esses meios tecnológicos, permitindo que as crianças, tenham contato com o que é considerado próprio do mundo adulto, contribua para um desenvolvimento saudável da linguagem e do pensamento infantil.
Mas as tecnologias são peças chave na criação de ambientes de aprendizagem motivadores e construtores do ser humano. As crianças aprendem melhor se tiverem tarefas, desafios, ou problemas nos quais as respostas não sejam óbvias ou demasiado simples. (Papert 1998, apud, Santos 2011)
Diz Papert que “a melhor aprendizagem é a que se compreende e dá prazer.” E esse é um dos melhores benefícios da tecnologia na infância, as crianças aprendem a falar e pensar de uma forma prazerosa.
Assim sendo, torna-se pertinente a reflexão sobre a importância da utilização educativa das tecnologias da informação e da comunicação na construção de
ambientes capazes de ajudar a construir seres humanos com capacidade e vontade de aprender.
CONCLUSÃO:
Diante do grande avanço, a tecnologia tem se tornado de extrema importância para o desenvolvimento do pensamento e da linguagem da criança nos últimos anos.
As tecnologias devem ter o papel de estimular a criança a desenvolver habilidades cognitivas, promovendo a formação de cidadãos capazes de atuar criticamente e ativamente no mundo científico e tecnológico. Ao adquirir conhecimentos tecnológicos, as crianças estarão construindo uma base sólida e uma estrutura lógica que as auxiliarão a construir e adquirir outros conhecimentos essenciais para o seu desenvolvimento. Ao oportunizar a criança a descoberta e interação do mundo em que vive, abrem-se as portas do conhecimento, permitindo-lhe o desenvolvimento de todo seu potencial não só cognitivo como também emocional.
Além de curiosas, as crianças interagem com o mundo ao seu redor; cabe aos adultos responsáveis pela sua formação estarem preparados e motivados para saber aproveitar este momento de descoberta. Desde cedo as crianças já constrói conhecimentos a partir e a respeito das ciências, e ao se aprofundar nesta discussão, aproximam-se as crianças da cultura científica.
Ao se permitir o contato da criança com as tecnologias desde os seus primórdios do desenvolvimento, contribui-se para o desenvolvimento de cidadãos ativos e reflexivos sobre as questões científicas e tecnológicas da atualidade. Nesse sentido, ao proporcionar à criança uma iniciação científico-tecnológica, além de estimular sua curiosidade, contribui-se para a construção de valores sociais e culturais.
Contudo, a passividade causada pelo excesso de tecnologia na vida infantil é algo que merece a atenção de pais e educadores. Ela pode causar déficit/conseqüências físicas, cognitivas, emocionais e sociais irreversíveis. Deve ser lembrado, que a criança ainda está em desenvolvimento, e em constantes mudanças fisiológicas e neuronais, e, especialmente na linguagem e no pensamento.
Assim, se faz importante, que todo comportamento adquirido por uma criança, deve vir, primeiramente, da educação dada pelos pais desde o nascimento, e em segundo lugar, por educadores que tenham a competência para assim realizarem. (Takase,2000). Fazendo com isso, que a tecnologia se torne uma aliada secundária no processo de aprendizagem da linguagem e do pensamento infantil.
A partir do momento que a criança descobre que tudo tem um nome, cada novo objeto que surge representa um problema que a criança resolve atribuindo-lhe um nome. Quando lhe falta a palavra para nomear este novo objeto, a criança recorre ao adulto. Esses significados básicos de palavras assim adquiridos funcionarão como embriões para a formação de novos e mais complexos conceitos. (Vygotsky1962, apud, Garcia, 1989).
Mas qual o impacto que a tecnologia pode causar no desenvolvimento do pensamento e da linguagem na criança?
De acordo com Vygotsky, todas as atividades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam se constituindo no produto do desenvolvimento histórico-social de sua comunidade (Luria, 1976, apud, Garcia, 1989). Portanto, as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do indivíduo não são determinadas por fatores congênitos. São isto sim, resultado das atividades praticadas de acordo com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve. Conseqüentemente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história pessoal desta criança são fatores cruciais que vão determinar sua forma de pensar.
A sociedade contemporânea é caracterizada pela presença massiva das tecnologias em quase todas as ações diárias, transformando cada vez mais a vida social e, direta ou indiretamente, o dia-a-dia infantil. Bolas e bonecas hoje disputam lado a lado com os jogos eletrônicos e demais mídias digitais o interesse das crianças. Desde pequenas as crianças demonstram facilidade em conviver com as tecnologias. Nos dias atuais as tecnologias são vistas como transformadoras das ações e comportamentos das crianças. Este ritmo impresso pelo desenvolvimento tecnológico possibilita às mesmas, facilidade para realizar diversas atividades ao mesmo tempo. Permitindo pensar, agir e interpretar o ambiente no qual está inserida, de uma forma mais dinâmica. (ROSADO, 2006, apud, Bona,2010).
O debate teórico do impacto da tecnologia no pensamento e sobre a infância tem sido marcado por posições distintas, onde os autores apresentam pontos de vista que podem ter uma conotação positiva ou negativa.
Segundo Buckinghan (2007) para compreender a influência das tecnologias digitais sobre a vida das crianças deve-se contemplá-las num contexto mais abrangente, que considere as mudanças do status social e as diferentes formas em que a infância vem se definindo ao longo do seu percurso histórico. O autor entende que as tecnologias digitais oferecerem formas ‘interativas’ de comunicação na relação das crianças com novas formas de cultura. Ademais, as tecnologias utilizadas como meio de comunicação potencializam a vinculação de imagens e mensagens, influenciando nas formas de agir e pensar, contribuindo para o surgimento de novas linguagens e representações.
(Bona,2010).
Todavia, existem várias pesquisas, realizadas nos últimos 15 anos, que vêm demonstrando o lado negativo dessas tecnologias no desenvolvimento emocional, cognitivo e físico das crianças. Estudos recentes mostram que crianças que utilizam meio eletrônicos demasiadamente (em especial a televisão), apresentam problemas sociais e cognitivos tais como: ausência de interação social, falar cada vez menos, o abafamento no pensar. E isto acontece devido à criança está fisicamente estática ao assistir a TV, e não há a necessidade de se fazer um esforço mental para prestar atenção. Assim, o pensamento de um telespectador deixa normalmente de ser consciente, passando a ser automático absorvendo as imagens e as falas sem quase refletir sobre elas. Prejudicando com isso a capacidade de raciocínio crítico e lógico que a criança deve desenvolver, e, conseqüentemente, trazendo prejuízos no rendimento escolar e na cognição. (Setzer,2009)
“O problema é que a criança é uma esponja que registra e absorve indiscriminadamente (visto ainda não ter a capacidade de discriminação) tudo aquilo que vê” (Sartori,2000, apud, Santos 2011). Esse pensamento de Sartori demonstra uma preocupação: Quais conteúdos estão oferecendo às crianças através da tecnologia (em especial a televisão e a internet). Nem sempre aquilo que é oferecido por esses meios tecnológicos, permitindo que as crianças, tenham contato com o que é considerado próprio do mundo adulto, contribua para um desenvolvimento saudável da linguagem e do pensamento infantil.
Mas as tecnologias são peças chave na criação de ambientes de aprendizagem motivadores e construtores do ser humano. As crianças aprendem melhor se tiverem tarefas, desafios, ou problemas nos quais as respostas não sejam óbvias ou demasiado simples. (Papert 1998, apud, Santos 2011)
Diz Papert que “a melhor aprendizagem é a que se compreende e dá prazer.” E esse é um dos melhores benefícios da tecnologia na infância, as crianças aprendem a falar e pensar de uma forma prazerosa.
Assim sendo, torna-se pertinente a reflexão sobre a importância da utilização educativa das tecnologias da informação e da comunicação na construção de
ambientes capazes de ajudar a construir seres humanos com capacidade e vontade de aprender.
CONCLUSÃO:
Diante do grande avanço, a tecnologia tem se tornado de extrema importância para o desenvolvimento do pensamento e da linguagem da criança nos últimos anos.
As tecnologias devem ter o papel de estimular a criança a desenvolver habilidades cognitivas, promovendo a formação de cidadãos capazes de atuar criticamente e ativamente no mundo científico e tecnológico. Ao adquirir conhecimentos tecnológicos, as crianças estarão construindo uma base sólida e uma estrutura lógica que as auxiliarão a construir e adquirir outros conhecimentos essenciais para o seu desenvolvimento. Ao oportunizar a criança a descoberta e interação do mundo em que vive, abrem-se as portas do conhecimento, permitindo-lhe o desenvolvimento de todo seu potencial não só cognitivo como também emocional.
Além de curiosas, as crianças interagem com o mundo ao seu redor; cabe aos adultos responsáveis pela sua formação estarem preparados e motivados para saber aproveitar este momento de descoberta. Desde cedo as crianças já constrói conhecimentos a partir e a respeito das ciências, e ao se aprofundar nesta discussão, aproximam-se as crianças da cultura científica.
Ao se permitir o contato da criança com as tecnologias desde os seus primórdios do desenvolvimento, contribui-se para o desenvolvimento de cidadãos ativos e reflexivos sobre as questões científicas e tecnológicas da atualidade. Nesse sentido, ao proporcionar à criança uma iniciação científico-tecnológica, além de estimular sua curiosidade, contribui-se para a construção de valores sociais e culturais.
Contudo, a passividade causada pelo excesso de tecnologia na vida infantil é algo que merece a atenção de pais e educadores. Ela pode causar déficit/conseqüências físicas, cognitivas, emocionais e sociais irreversíveis. Deve ser lembrado, que a criança ainda está em desenvolvimento, e em constantes mudanças fisiológicas e neuronais, e, especialmente na linguagem e no pensamento.
Assim, se faz importante, que todo comportamento adquirido por uma criança, deve vir, primeiramente, da educação dada pelos pais desde o nascimento, e em segundo lugar, por educadores que tenham a competência para assim realizarem. (Takase,2000). Fazendo com isso, que a tecnologia se torne uma aliada secundária no processo de aprendizagem da linguagem e do pensamento infantil.