Mensagem da Equipe

“Não somos o que sabemos. Somos o que estamos dispostos a aprender.” Council on Ideas

PROCESSOS SUBJETIVOS E A TECNOLOGIA

O objetivo deste ensaio é tecer considerações sobre o impacto da tecnologia nos processos de subjetivação. Trazendo algumas comparações entre a importância da tecnologia e o afastamento do homem com o próximo em virtude do avanço tecnológico. Como exemplo os relacionamentos são virtuais, é possível dentro de uma mesma casa pais e filhos comunicarem-se não verbalmente, mas através da internet. Veremos que o homem está totalmente vinculado a era informatizada desprezando o convívio social. Os lares foram invadidos por “membros virtuais” e Dumont (1985) alerta sobre o perigoso caminho do individualismo burguês que livre da coletividade e emancipado do social ignora a totalidade social em que está inscrito.

Quando se fala da importância da tecnologia nas relações pessoais, se fala em uma melhora nas relações sociais, pessoais, mas até que ponto isso é verdade? Porque de certa forma a tecnologia traz consigo um crescimento revolucionário do saber, as maquinas em especial o computador e a rede de internet, transformaram o aprender que antes era mais lento, em algo mais rápido, dinâmico e criativo. Para alguns pedagogos que utilizam essas ferramentas tecnológicas, elas são um instrumento para um aprendizado mais eficaz pelos seus alunos. A tecnologia vem com o passar dos anos; mudando o modo de vida da sociedade e do individuo como um todo. Mas essas mudanças ocorrem também, de uma forma subjetivada, ou seja, cada pessoa tem a sua maneira de pensar, agir e se comportar. Através da revolução industrial, os indivíduos que estavam acostumados com trabalhos no campo foram impactados com a instrumentalização de seus trabalhos com grandes máquinas industriais. O filme Tempos Modernos mostra o homem sendo engolido pelas máquinas. E este desenvolvimento até os dias atuais tem provocado uma mudança psíquica coletiva no meio da sociedade e nos grupos que a formam. Psíquica porque as máquinas substituíram muitas pessoas e as pessoas que trabalhavam com as máquinas tiveram que aprender a lidar com elas e seus avanços, quem não acompanhou essa transformação ficaram para trás. Coletiva porque impactou a sociedade. A história deve ser dividida em antes e depois da tecnologia, até a maneira de explicar a cultura mudou. A cultura era vista como algo imutável depois do avanço tecnológico essas mudanças afetaram países tradicionais como Índia, China, Coreia do Norte e outros mudando sua maneira de vestir, se comunicar e etc. A prova disso são as heranças que eram deixadas para os filhos e os netos não está restritas a papeis de testamento e também a pen drives e outros meios da tecnologia avançada, como TV de Plasma, computadores de última geração, celulares. A maneira pelo qual os pais educam os seus filhos também modificou com o passar do tempo. Em uma sociedade digitalizada que hoje em dia na maioria das vezes a pergunta é: Qual é o seu e-mail? Ao invés de qual é o seu endereço da sua residência? Mas volto a insistir no ponto de vista que é crucial: será que esse avanço e crescimento da tecnologia tem realmente beneficiado o individuo em suas relações como outros indivíduos? As pessoas estão aprendendo e conhecendo mais. No entanto estão achando que não precisam mais uma das outras, e sim de uma máquina para poder relacionar-se com o outro. Os jovens estão acreditando que os seus amigos virtuais são mais importantes e por isso requerem mais a sua atenção do que a de seus pais e irmãos. Está existindo com essa situação uma divisão cada vez maior da família. Essa febre tecnológica tem sutilmente entrado nos lares, e o que é pior, nem sempre tem trazido benefício.
As pessoas tem sido muito superficiais em seus relacionamentos e essa superficialidade, tem colocado cada vez mais distantes os relacionamentos pessoais. As mudanças estão aí, e cada indivíduo com sua particularidade tem a cada dia mudado a sua maneira de agir, pensar e de se relacionar com o outro.
Diante de tais evidencias sobre uma descontinuidade entre a modernidade e o resto das civilizações chegando próximo ao diagnóstico de Simmel (1998) a singularidade da era moderna e da dissociação que esta imprime entre sujeito e objeto, ideia e valor e, num plano mais amplo, entre individuo e totalidade social. O homem moderno, este homem blasé habitante das metrópoles (SIMMEL, 1998) em sua relação com a sociedade, ganha uma autonomia jamais vista na história, tornando-se senhor de si mesmo, rompendo os laços comunitários. O aspecto positivo dessa independência vislumbrado por Simmel aqui, mais uma vez, é problematizado.
Dando ênfase a impessoalidade das relações sociais que caracteriza essa era, Dumont alerta sobre o perigoso caminho do individualismo burguês, onde o indivíduo livre da coletividade e emancipado do social ignora a totalidade social em que está inscrito. Trata-se não da afirmação da individualidade louvada por Simmel, mas de sua negação e afirmação de seu inverso: o indivíduo preso no “livre” mercado, no ritmo de uma economia auto controlada cuja engrenagem gira em torno de si mesma, e onde as relações entre coisas substituem gradualmente as relações humanas.